Avaliação interna: como fazer uma?

A avaliação interna é de suma importância em um programa de compliance. Isso porque ela consegue detectar fraudes, evitar danos, corrigir falhas e outros benefícios. Entretanto, dúvidas sobre o modo de como deve ser feita podem surgir no momento em que é preciso realizar uma. Pensando nisso, estou aqui para esclarecer.

Iniciando a avaliação interna

1. Entrevistas com colaboradores

Os colaboradores têm riqueza de conhecimentos, podem oferecer uma quantidade muito grande de informações e muitas vezes gostam de participar do processo de melhoria da organização.

Pergunte:

  • sobre riscos;
  • sobre as atividades diárias;
  • sobre a eficiência dos processos, dos procedimentos e a solidez de cada um
    se as políticas e os procedimentos são seguidos;
  • se acredita que a organização utiliza o código de conduta dela;
  • se tem alguma preocupação sobre questões éticas ou práticas relacionadas com o compliance (em caso positivo, peça para explicar);
  • se teve qualquer hesitação em levantar questões ou problemas para o chefe ou para o departamento de compliance.

2. Questionários

Periodicamente, envie questionários à equipe para um feedback ou conduza grupos de estudo específicos. Se atente para que eles possam abarcar o maior número possível de departamentos e funcionários.

3. Avaliação de registros

De forma regular ou aleatória, faça uma avaliação de:

  • Documentos finais: faturas e declarações financeiras;
  • Documentos de apoio: faturas, planilhas, notas, pareceres jurídicos, análises financeiras, cronogramas, orçamentos e despesas.

A coleta desses dados e a possibilidade constante de rastreamento são fundamentais para o processo de revisão. Eles fornecem análise de tendências e permitem uma forma de avaliar a evolução/melhoria.

Outras técnicas que podem ser utilizadas:

  • Visitas in loco (na estação do trabalho ou na unidade de negócios local);
  • Revisão de documentos preparados por diferentes departamentos da organização;
  • Estudos de tendência que indiquem potenciais desvios em determinados departamentos;
  • Revisão das denúncias arquivadas.

Quem deve fazer avaliação interna?

É importante identificar o responsável pela coordenação do acompanhamento e pela realização da auditoria interna. É uma responsabilidade do auditor, responsabilidade do departamento de compliance, ou talvez uma combinação dos dois?

Além disso, a nomenclatura para essas atividades pode ter uma definição diferente de “auditoria e monitoramento”. É importante que as definições estejam em sincronia em toda a organização e que o programa de compliance englobe as ações realizadas de forma geral pela organização.

Auditores normalmente precisam de experiência e de conhecimento na área que estão observando. A formação de grupos específicos internos, como times de compliance, que incluam diversos especialistas no assunto em pauta ou que possam monitorar questões específicas ou avaliar potenciais áreas problemáticas é também recomendável.

Características de uma avaliação interna

Assim como todos os instrumentos do programa de compliance, o plano de auditoria e monitoramento deve ser dinâmico e revisado periodicamente pela alta gestão/administração para que possa determinar se as prioridades identificadas ainda são as prioridades da organização.

Todas as questões que envolvam relação com o governo, com agências reguladoras, ou associações da indústria devem ser levadas em conta nos processos de auditoria ou monitoramento.

Todos os processos de realização da auditoria e das atividades de monitoramento devem ser documentados para demonstrar a preocupação geral com o programa e/ou os riscos potenciais de compliance. As ações realizadas, as observações, os resultados, os planos de ação e resolução dos problemas devem ser regularmente comunicados à alta gestão da empresa, conforme apropriado. Além disso, todas as ações consideradas suspeitas ou ilegais devem ser apresentadas no relatório juntamente com um plano de ação corretiva.

Até o próximo artigo!

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